E foi assim...
Depois de um dia de muito trabalho, por um lado cansada, por outro sentia-me realizada, que tudo acabou...
Concluí que sou muito nova, para me deixar subjugar por uma qualquer pessoa. Concluí, depois de várias conversas para o chamar à razão, onde vi resultados rápidos e imediatos, sem duração apreciável, que conversas não nos iam levar a lado nenhum.
E então, preparei-me para o momento. Aproveitei a ausência do Alexandre, cheguei a casa, liguei a televisão bem alto, num canal de música. Estava a passar as melhores canções de amor de sempre. Ainda pensei que ouvir canções românticas me podiam fazer voltar atrás, mas não.
As músicas passavam, e eu não sentia nada. Nada.
E o José chegou a casa, e começou a refilar, porque a porta estava trancada. Eu expliquei... E depois começou por causa do meu lanche ser uma pizza, e eu expliquei, ...e depois começou porque o congelador estava cheio.... E depois bateu com a porta do congelador, e disse asneiras. Não, decididamente, não é isso que eu quero. Eu continuei no sofá, a ver a minha série preferida, e no intervalo fui à cozinha, e ele estava a jantar... Pois é, diariamente, chego faço o jantar, chamo-o para jantar, ele come ou não come, não posso contar com ele para comer, e não posso deixar de fazer comer para ele. Mas nunca, nunca jantei sem primeiro chamá-lo.
Esta atitude, fez com que aproveitasse o intervalo para me sentar na cozinha durante 2 minutos e lhe dissesse apenas, que temos de repensar na nossa vida, de forma a prepararmos a separação. Disse-lhe de forma clara para ele procurar outro local onde morar, disse-lhe que ele não tem o direito de andar aos pontapés ao meu congelador, e chega de faltas de respeito. Disse-lhe que para mim, nada muda. Continuamos a morar na mesma casa, mas desta vez, com uma perspectiva de futuro em que nos encontramos separados.
E... claro que o José foi apanhado de surpresa. Talvez pensasse que eu ficaria o resto da vida a aturar as suas cenas. Talvez ele ainda tivesse esperança que algo mudaria. Mas não mudou. Um ano e nada mudou. Apenas a minha forma de reacção mudou. Deixei de gritar, de responder. Deixei-o falar, deixei-o ofender, deixei-o entrar nos seus monólogos psicóticos, e eu nada disse.
Quanto ao amor físico, pois, há muito que me dei conta que o José se tornava outra pessoa no dia em que tinha vontade de sexo, então aí ele era o José por quem eu me apaixonei há 18 meses atrás... Mas no dia seguinte, voltava ao mesmo.
As coisas complicaram-se exactamente quando a vontade física foi reduzindo para uma/duas vezes por semana. Então eu tinha alguém de quem eu gostava durante dois dias e alguém de quem eu não gostava durante 5 dias.
E foi piorando.... até haver vontade física de duas em duas semanas... Nesta altura, eu decidi.
E fiquei quietinha no meu canto, com a minha decisão. Até chegar momento de comunicar-lhe. Quis ter certeza, se bem que eu acho que não há certezas efectivas.
Chegou o momento. Agora tenho as minhas certezas consolidadas, de forma a saber que tomei uma decisão clara, sem dramas, sem discussões, sem mágoa e sem rancor. Apenas uma decisão difícil, como tantas outras.
E venha o dia seguinte.